O Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil decidiu entregar na Câmara dos Deputados um pedido de abertura de um
processo de “impeachment” do presidente Michel Temer, acusando-o de “ter
cometido um crime de responsabilidade”.
De acordo com jornal O Globo, o Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu no sábado à noite, por 25 votos (em 27),
aprovar o relatório que recomenda que a entidade faça um pedido de
“impeachment” do presidente Michel Temer.
Cada voto no conselho representa um estado ou distrito
federal. Apenas não votaram a representação do Acre (por ausência) e do Amapá
(que votou contra).
“O relatório foi elaborado por uma comissão
formada por seis conselheiros federais e concluiu que as condutas do presidente
da República, constantes de inquérito, atentam contra o artigo 85 da
Constituição e podem dar ensejo para pedido de abertura de processo de
impeachment“, adiantou O Globo.
Na votação, o Conselho decidiu avançar com um pedido de
abertura de um processo de “impeachment” “por considerar que o Presidente Michel Temer
cometeu crime de responsabilidade“.
“Estamos a pedir o impeachment de mais um
Presidente da República”, “tenho honra e orgulho de ver a OAB cumprindo seu
papel, mesmo que com tristeza, porque actuamos em defesa do cidadão, pelo
cidadão e em respeito ao cidadão. Esta é a OAB que tem sua história confundida
com a democracia brasileira e mais uma vez cumprimos nosso papel“,
disse o presidente nacional da OAB, Cláudio Lamachia.
A suspeitas de corrupção investigadas pela operação
judicial Lava Jato estenderam-se no dia 18 de maio ao presidente brasileiro,
Michel Temer, com a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em causa está uma gravação de uma conversa entre o
empresário Joesley Batista, da empresa JBS, e Temer sobre o alegado pagamento
de uma mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha, que foi presidente do Congresso
(parlamento) e principal aliado de Temer no afastamento de Dilma Rousseff da
Presidência.
Nessa conversa, segundo os áudios divulgados, o
presidente terá recomendado ao empresário “manter” o pagamento de uma verba
regular àquele dirigente do seu partido, que está acusado de vários crimes de
corrupção.
Temer sucedeu há um ano a Dilma Rousseff, de quem era
vice-presidente, mas, desde então, vários aliados têm sido atingidos pela
operação judicial, por suspeitas de corrupção e de receberem pagamentos
ilegais.
A degradação da situação política no país tem levado
muitos dirigentes a exigirem eleições presidenciais (directas ou via
parlamento), já que Temer não tem um vice-presidente que o substitua no caso de
abertura de um “impeachment”, um processo de afastamento judicial do cargo.
Após a divulgação do áudio, Michel Temer recusou, em mais
do que uma declaração ao país, apresentar a demissão e já pediu a suspensão da
investigação até que seja verificada a autenticidade da gravação.
JN
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