A presidente afastada, Dilma Rousseff, em entrevista para
o "New York Times" em Junho
Em um movimento final para tentar conter seu
impeachment no Congresso, a presidente afastada,
Dilma Rousseff, divulgou nesta terça (16) carta aberta aos senadores em que defende a realização de um
plebiscito sobre novas eleições e uma reforma política. No entanto, para cientistas políticos ouvidos pelo UOL, as medidas sugeridas por Dilma
não terão o menor impacto sobre os senadores, que decidirão se a presidente
afastada mantém ou perde de vez o cargo em julgamento que deve ser realizado no
fim do mês.
"O efeito disso para o Congresso é nulo. A
possibilidade tanto política quanto jurídica de isso acontecer é praticamente
nula", afirma o cientista político Marco Antônio Teixeira,
da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas). "Mesmo na opinião pública,
talvez não faça sentido mais, porque, por mais que existam pesquisas que
mostrem que a maioria das pessoas preferiria a antecipação de eleições, você
não tem uma pressão social por isso."
Segundo uma pesquisa feita pelo instituto Datafolha nos
dias 14 e 15 de julho, 62% dos entrevistados se
disseram favoráveis à renúncia de Dilma e do presidente interino, Michel Temer, e a posterior realização de novas eleições. No entanto, a possibilidade
da dupla renúncia parece inexistente no momento, e os protestos que vêm tomando
as ruas do país nos últimos meses pedem, em geral, a permanência ou a saída de
Dilma -- e não um novo pleito.
Etapas difíceis
Com a proposta de plebiscito, o objetivo da presidente
afastada é sensibilizar senadores indecisos. Mas, mesmo que consiga escapar do
impeachment e leve adiante a ideia, há uma série de etapas de difícil
cumprimento para uma presidente com escasso apoio parlamentar. A convocação de
um plebiscito tem que ser aprovada por maioria simples no Congresso. Se a
população decidir por eleições antecipadas, isso dependeria de alteração da
Constituição, o que exige dois terços de aprovação parlamentar.
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