O tribunal do Missouri condenou a empresa de cosméticos a
pagar 65 milhões de dólares (equivalente a 4.467 milhões de meticais) à família
de uma mulher que morreu devido a um cancro nos ovários, alegadamente causado
pela utilização do pó de talco da empresa.
Um júri do Missouri condenou a empresa de cosméticos
Johnson & Johnson a pagar uma indemnização de 72 milhões de dólares (cerca
de 4.948 milhões de meticais) à família de Jacqueline Fox, norte-americana
que morreu em Outubro do ano passado, vítima de um cancro nos ovários. A
família alega que a morte da mulher de 62 anos foi causada pela utilização do
pó de talco da marca de cosméticos, que alegadamente contém ingredientes
cancerígenos.
O caso de Jacqueline Fox, natural de Birmingham, Alabama,
faz parte de uma reivindicação mais ampla no circuito da St. Louis, que envolve
cerca de 60 pessoas. O filho de Fox, Marvin Salter, apresentou queixa após a
morte da sua mãe, mais de dois anos depois de lhe ter sido diagnosticado
cancro.
Salter afirmou que a sua falecida mãe utilizou o pó de
talco da Johnson & Johnson durante cerca de 35 anos. “Era natural para ela [utilizar o pó
de talco], tal como lavar os dentes”, afirmou, citado pelo
jornal The Guardian.
A empresa de cosméticos é também acusada de ter ignorado
durante anos as reivindicações de que os seus produtos baseados no talco
poderiam causar cancro, numa tentativa de aumentar as suas vendas. Jere
Beasley, um dos advogados da família Fox, afirmou que a Johnson & Johnson
tinha conhecimento da possibilidade de os seus produtos conterem ingredientes
cancerígenas há várias décadas. “Mesmo assim, [a empresa] mentiu ao
público e às agências reguladoras”, afirmou Beasley, citado pela
Reuters, no final de uma conferência de imprensa. Nas últimas décadas, cerca de
mil casos foram arquivados no Missouri e outros 200 em New Jersey.
As acusações contra a Johnson & Johnson não são,
portanto, de agora. Já em Maio de 2009, vários grupos juntaram-se numa
iniciativa para pressionar a empresa a eliminar ingredientes suspeitos de
conterem propriedades cancerígenas dos seus produtos de higiene pessoal para
bebés e para adultos. Em 2012, depois de várias petições, publicidade negativa
e de uma ameaça de boicote, a empresa acabou por ceder, eliminando
progressivamente vários destes ingredientes dos seus produtos.
Espera-se agora que a empresa de cosméticos recorra da sentença
em tribunal. “Não
temos maior responsabilidade do que a saúde e segurança dos consumidores, e
estamos desapontados com o resultado do julgamento. Estamos solidários com a
família do queixoso [Martin Salter], mas acredito firmemente que a segurança do
cosmético de talco é suportada por décadas de evidência científica”,
afirmou Carol Goodrich, porta-voz da Johnson & Johnson, à Reuters.
O talco é um mineral extraído a partir do solo, composto
por magnésio, silício, oxigénio e hidrogénio. É bastante utilizado em
cosméticos e produtos de higiene pessoal, nomeadamente o pó de talco, que se
tornou um produto emblemático da Johnson & Johnson.
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